Diante de tantas notícias bombásticas no mundo todo, eu parei e pensei “será que a crueldade é cultural?”.
Ou melhor dizendo, será que o excesso de crueldade é cultural? Crueldade, é uma capacidade humana bem como o discernimento, ou seja, na Finlândia, no Brasil, nos USA, no mundo inteiro, aonde houver humanidade haverá crueldade, mas, porque alguns países apresentam historicamente ou constantemente casos de crueldade e outros nem tanto?
Ler as notícias na Finlândia, por exemplo, é entediante. Um urso ou outro aparece na cidade, um político ou outro é pego tentando fazer algo sem licitação e tem que devolver o dinheiro imediatamente sem grandes burocracias, uma bicicleta roubada (sendo eventualmente achada), o último grande caso de crueldade no país foi em 2007, um massacre dentro de uma escola, 8 pessoas morreram e algumas ficaram feridas.
Ler as notícias do Brasil, me faz descrer na capacidade de amar do ser humano, é tanta crueldade, tanto horror. A história brasileira é repleta de chacinas e massacres (Carandiru, Candelária, Vigário Geral, etc.).
Será que se a Finlândia fosse tão grande e populosa, teríamos mais situações de crueldade? Sei lá…
Semana passada li no jornal do Brasil, que uma mulher, foi reclamar do barulho de uma festa, recebeu um palavrão como resposta. Ela irada, desceu e quebrou um carro (avaliado em 100 mil reais e que pertencia a um dos participantes da festa), o homem viu e fora de si, foi com um grupo de amigos espancar a mulher. O que leva uma pessoa a quebrar um carro que não lhe pertence, pois, foi contrariada? O que leva uma pessoa a querer matar outra por causa de um carro? O que leva um repórter, colocar na reportagem que o homem era um policial? Sendo que não era (depois fizeram uma nota corrigindo). Seria da vontade do jornalista propagar o ódio contra policiais brasileiros? (aproveitando a onda do absurdo que aconteceu nos USA?)
Lembrei da mulher que deixou uma criança cair da varanda do prédio dela. O que leva uma mulher não dar a mínima para uma criança de 5 anos? Foi racismo? NÃO! Foi falta de amor, de cuidado, de empatia, de noção, de intelecto, de qualquer coisa, menos racismo. Ela não deixou de cuidar do filho da empregada, porque ele era negro, mas sim, porque era o filho da empregada, se ele fosse azul, ele continuaria sendo o filho da empregada, e na cabeça desta mulher, tanto faz colocar o filho da doméstica de 5 anos em um elevador sozinho e ele que se vire para achar a mãe. Diferente do grupo que espancou a mulher no RJ, a senhora de Pernambuco, não foi cruel, ela não planejou a morte de uma criança de 5 anos. Ela foi irresponsável. E pagará por isso, com as leis humanas, universais ou espirituais. A lei de retorno existe.
No meio de uma pandemia, existem pessoas que sabem estar doentes e sentem prazer em contaminar outras pessoas, também li isso, pessoas no Brasil sendo processadas, por saberem estar doentes e saem com o intuito de contaminar mesmo!
E nisso tudo eu me vejo, em casa, trabalhando on-line, com esses pensamentos…
Só posso chegar a uma conclusão, o ódio, a ira, a raiva são vírus muito mais cruéis do que o COVID-19, e parece clichê o que vou escrever, mas a única forma de acabar com eles é amando, ajudando ao próximo,se controlando, buscando contar até 10…
- Se a mulher 1 tivesse ouvido um palavrão, tivesse mantido a calma e ido embora, a situação teria sido evitada (?).
- Se a mulher 2 tivesse cuidado do filho da empregada com carinho e atenção, o menino estaria vivo (?).
- Se a mulher 3 estivesse doente, mas em casa, evitaria contaminar outros.
Se, se, se, se….. a minha vida é cheia de “se”..e “se eu não tivesse vindo morar na Finlândia? E “SE”… E por aí vai… Mas por mais que eu ou você tenhamos inúmeros “ses” na vida, que tenhamos muito mais amor também.
Na atual conjuntura, sinto-me muito á vontade de morar em um lugar tão pequeno, no qual a principal preocupação é um surto de ratos que andam a atacar a cidade, e os 500 euros que os exterminadores cobram para dedetizar a sua casa.
p.S: Veneno de rato não pode ser vendido livremente em lojas na Finlândia, somente agentes exterminadores podem comprar.
Apesar de escrever este texto pensando na crueldade do ser humano, eu não quero parecer uma julgadora acima do bem e do mal, pois sou imperfeita. E acredito que quando me refiro a amar ao outro, inclui parar e pensar, será que a mulher que deixou o menino cair, não está agora chorando por ele? Será que ela daria tudo para voltar no tempo e ter sido mais cuidadosa? Será que os algozes que espancaram a mulher no Rio, não pensam” será que fomos longe demais?”, a mulher que sai contaminando não deve pensar nada mesmo…
Eu prefiro pensar que apesar de existir crueldade, existe bondade também. E que mesmo quem consegue cometer um ato impensado e impulsivo, pode se arrepender e ter uma segunda chance… Espero que a humanidade (e eu me incluo) melhore com todos esses acontecimentos.
Então, mais amor! Por favor…